domingo, 1 de dezembro de 2013

Oi pessoal!

Estive pensando: uma das coisas que mais gosto de fazer na cozinha é bolo. O bolo, pra mim, é a demonstração mais pura do afeto. Preparar um bolo exige cuidado, e só quem ama muito tem paciência e carinho suficientes para fazer um bolo perfeito: medir os ingredientes, preparar como a receita manda tin-tin por tin-tin, olhar o forno toda hora para ver se não passa do ponto. E tem coisa mais gostosa que chegar em casa e encontrar na mesa um bolo quentinho?

Lembrei de um texto que expressa exatamente o que quero dizer:

      Poucas coisas neste mundo são mais tristes do que um bolo industrializado. Ali no supermercado, diante da embalagem plástica histericamente colorida, suspiro e penso: estamos perdidos. Bolo industrializado é como amor de prostituta,feliz natal de caixa automático, bom dia da Blockbuster. É um anti-bolo.

Não discuto aqui o gosto, a textura, a qualidade ou abundância do recheio de baunilha, chocolate ou qualquer outro sabor. (O capitalismo, quando se mete a fazer alguma coisa, faz muito bem feito). O problema não é de paladar, meu caro, é uma questão de princípios.                   Acredito que o mercado de fato melhore muitas coisas. Podem privatizar a telefonia, as estradas, as siderúrgicas. Mas não toquem no bolo! Ele não precisa de eficiência. Ele é o exemplo, talvez anacrônico, de um tempo que não é dinheiro. Um tempo íntimo, vagaroso, inútil, em que um momento pode ser vivido no presente, pelo que ele tem ali, e não como meio para, com o objetivo de.
      Engana-se quem pensa que o bolo é um alimento. Nada disso. Alimento é carboidrato, é proteína, é vitamina, é o que a gente come para continuar em pé, para ir trabalhar e pagar as contas. Bolo não. É uma demonstração de carinho de uma pessoa a outra. É um mimo de avó. Um acontecimento inesperado que irrompe no meio da tarde, alardeando seu cheiro do forno para a casa, da casa para a rua e da rua para o mundo. É o que a gente come só para matar a vontade, para ficar feliz, é um elogio ao supérfluo, à graça, à alegria de estarmos vivos.
      A minha geração talvez seja a primeira que pôde crescer e tornar-se adulto sem saber fritar um bife. O mercado (tanto com m maiúsculo como minúsculo) nos oferece saladas lavadas, pratos congelados, comida desidratada, self-services e deliverys. Cortar, refogar, assar e fritar são verbos pretéritos.
      Se você acha que é tudo bem, o problema é seu. Eu vou espernear o quanto puder. Se entregarmos até o bolo aos códigos de , estaremos abrindo mão de vez da autonomia, da liberdade, do que temos de mais profundamente humano. Porque o próximo passo será privatizar as avós, estatizar a poesia, plastificar o amor, desidratar o mar e diagramar as nuvens. Tô fora.
http://blogdoantonioprata.blogspot.com.br/2007/10/time-is-honey.html

Na quinta-feira à noite, decidi que ia fazer um bolo para levar para os amigos do trabalho. Optei por fazer uma receita nova, um Bolo de Iogurte com Casquinha de Canela. 

Eu juro que ia levar para o trabalho, mas o bolo exalou um cheiro tão bom que ninguém aqui em casa deu conta: todo mundo comeu. Resultado: como levar só meio bolo?

Coloquei apenas algumas fatias numa vasilha, pensando em oferecer para quem quisesse experimentar.

Ouvi uma coisa gostosa demais: "Nossa, tem gosto de bolo feito mesmo, caseirinho".

Tem coisa melhor?

Vamos lá?

Bolo de Iogurte com Casquinha de Canela




Ingredientes:

- 4 ovos
- 1 xícara de chá de óleo
- 1 pote (170 g) de iogurte natural integral
- 2 xícaras de farinha de trigo peneirada
- 2 xícaras de açúcar (mal cheias) peneirado
- 1 colher de sopa de fermento químico em pó
- 1 pitada de sal

Para untar:

- 1 colher de sopa de manteiga
- 1/2 xícara de chá de açúcar cristal
- 1 colher de sobremesa de canela em pó

Modo de fazer:

1. No liquidificador, bata os ovos, o óleo e o iogurte.
2. Misture a farinha, o açúcar, o fermento e a pitada de sal numa tigela.
3. Despeje o conteúdo do liquidificador na tigela dos ingredientes secos.
4. Misture tudo delicadamente até que fique uniforme.

Untando a forma:

5. Passe bastante manteiga em toda a superfície de uma forma com furo no meio.
6. Misture o açúcar e a canela e polvilhe sobre toda a superfície da forma ja untada.
7. Asse em forno pré-aquecido a 220ºC até que ao espetá-lo com um garfo não saia nenhum resíduo.


O bolo tem uma textura ótima, super fofinho, úmido... E a casquinha de açúcar com canela? Ai, ai... É de comer rezando.